Era uma manhã de Primavera, numa floresta verdejante, ouvia-se o correr da água do rio pelas rochas… e, lá estava EU!
Nesta vida passada fui alguém muito solitário, um verdadeiro eremita.
Vivia na floresta, numa cabana de madeira, completamente, rodeado pela Mãe Terra.
Era uma vida simples, humilde e solitária. Sentia-me em paz e em sintonia com a Mãe Natureza.
Era um alquimista curandeiro, um verdadeiro Shaman.
Procurado pelos aldeões quando precisavam de alguma coisa.
Como já devem ter reparado, nessa vida fui um homem, como em muitas outras.
Ao longo das nossas reencarnações vamos mudando de sexo, ora masculino ora feminino.
Um dia conto-vos outra história.
A Natureza era o meu maior professor… passava horas a observá-la e a escrever.
Já naquela altura, a escrita era uma das minhas muitas paixões. Mantinha-me bastante ocupado com as minha diversas tarefas.
Esta vida que vivi trouxe-me muito conhecimento e uma grande conexão ao plano espiritual.
Sabem como me lembrei desta vida passada?
Quando estava num momento menos bom e disse:
Só queria estar isolada na floresta, numa casa de madeira no século XV!
Do nada fui completamente bombardeada por flashes de imagens.
Foi aí que me apercebi que se tratavam das minhas memórias, simplesmente começaram a fluir… como se fosse o curso de um rio.
Nessa vida fui perseguido pela inquisição pois acreditavam que era um bruxo… já tive muitas destas vidas.
Vidas de sofrimento, instabilidade e perseguição.
Viver na incerteza da vida!
Já foram tantas vidas assim, que nos dias de hoje prezo muito pela minha estabilidade.
Gosto de saber bem onde vou pisar e como vou fazê-lo.
A minha alma ficou marcada por estes episódios. É por isso que, atualmente, não gosto dessa altura da história.
Naquele momento que me vi na floresta, sentia-me em paz… então, muitas das vezes que medito lembro-me dessa vida e do sentimento que me trazia.
É por isso que gosto de ter os meus momentos de solidão, principalmente, no meio da Natureza.
É como se a Natureza chamasse por mim de uma forma única e especial.
Posso-vos dizer que o meu verdadeiro lar é lá, na Natureza…
É por isso que vivo onde vivo.
Onde vives, Ana? – perguntam vocês.
Vivo em Cucujães, Oliveira de Azeméis.
Vim parar a uma Terra que não conhecia e que, instantaneamente, apaixonei-me por ela.
Sabem porquê?
Porque quando estava à procura de casa não coloquei nenhum limite ao Universo e escrevi na minha caixa dos desejos, o seguinte:
“Quero uma casa que esteja em alinhamento com a minha alma e o meu propósito de vida.
Onde o meu ser possa evoluir.”
Este foi o meu desejo…
Não escolhi a Terra, mas sim a casa.
Quando vi fotos dela, pensei para mim:
“É esta!”
Acreditei e confiei nos sinais que o Universo me deu… e apareceu a casa que era e é perfeita para mim.
Um dia quando deixar de ser partirei para outra, mas por agora, é esta.
Amo esta Terra e esta Casa.
Adoro as pessoas desta Terra, só tenho conhecido boas pessoas.
Não conheceste pessoas que te desiludiram, Ana? – interrogam-se.
Claro que sim.
Mas sabem o que penso?
Fiz o meu melhor e se essas pessoas tomaram outra decisão, temos de respeitar o seu livre arbítrio.
Mas sabem porque gosto tanto desta casa?
Porque estou perto da Serra da Freita, que para mim tem uma magia especial.
Demoro 30-45 minutos a estar em plena Serra, no meio da Natureza.
E, para mim não há dinheiro que pague isso.
É lá que me lembro desta vida passada e imagino a minha cabana de madeira…
Sinto o vento a falar comigo, a água a limpar a minha alma, o sol a energizar o meu ser e os animais contentes por me verem lá.
E, assim permaneço por momentos na eterna sensação de conexão com a Natureza.
Sinto a presença de Gaia, e
ela a minha.
Mãe,
Passados tantos anos, finalmente,
cheguei a casa.
Ana Oliveira