Já ouço esta palavra desde pequena…
Ana tens que ter calma e paciência! – sempre me diziam.
Sabem uma coisa?
A Ana nunca teve calma nenhuma…
Era uma criança bastante impaciente e impetuosa.
Tudo isto se foi agravando, principalmente, na minha adolescência.
Parecia que andava revoltada com tudo e todos… e, de certa forma andava.
Mas principalmente comigo mesma.
Admitir para mim que todo este quadro vinha de dentro de mim e não do Mundo exterior. Foi uma tarefa bastante complicada.
Reconhecer para o meu ego, que o problema era meu e só meu, era um processo agonizante.
Se não sabem, ficam a saber o meu signo é capricórnio e o meu ascendente é leão.
E todos os capricornianos e leoninos sabem do que falo, é complicado para nós admitirmos a nossa culpa.
Quanto mais negava tudo isto, mais impaciente me tornava e ficava irritada quando me falavam da palavra paciência.
Parece que tinha desenvolvido algum tipo de alergia a ela.
De onde vem toda esta impaciência e revolta? – pensei eu.
Era o meu despertar espiritual!
Como, Ana? – perguntam vocês.
Já viram o que é andarem anos a fio a rejeitar uma parte vossa?
Naquela altura o meu desejo era eliminar esta parte de mim, para os problemas terminarem.
Porém os problemas só aumentavam de dia para dia.
Até com a minha própria Mãe, que amo e amarei até ao final dos meus dias.
Todavia, naquela altura eu e ela parecíamos cão e gato, não nos dávamos muito bem.
Hoje, é a minha melhor amiga, o meu pilar para tudo e quem nos conhece sabe que é mesmo assim.
Quando procurei ajuda num centro espírita, um senhor de idade disse-me:
Chegará o dia em que tu, Ana, ficarás paciente e a tua Mãe será a impaciente.
Deve estar louco, só pode. – pensei para mim.
Porque até aquela altura a minha Mãe era uma pessoa extremamente paciente, mas a partir do momento que se separou do meu Pai, mudou.
Libertou-se e perdeu mais a sua paciência pois sentia que tinha andado a desperdiçar o seu tempo.
Passados alguns anos, aconteceu exatamente o que ele disse.
Porquê? – perguntam vocês.
Porque eu parei de renegar a minha espiritualidade e aceitei-a como uma parte de mim.
Pois, sem ela não era a pessoa incrível que sou hoje, nem de perto nem de longe.
A versão da Ana que conhecem nos dias de hoje, já passou por um grande processo de aceitação e amor-próprio.
É por esta razão que batalho todos os dias no mesmo, porque sei que este caminho e processo, funcionam!
Dá trabalho?
Imenso! Mas nada se faz sem trabalho, dedicação, determinação e persistência.
Se alguns de vocês sentem o que descrevi acima, aquela sensação de impaciência e revolta interna que não sabem de onde vem.
Tomem consciência que pode ser a vossa espiritualidade a querer expressar-se, mas vocês não deixam.
Então, cria-se um campo de batalha dentro de nós.
Imaginem a minha versão revoltada e sempre de mal com a vida… difícil de imaginar?
Eu sei…, mas aconteceu e a minha Mãe é a testemunha.
Tudo isso mudou porque eu quis e fiz por isso.
Vocês podem fazer o mesmo!
Viver uma vida alinhada com a vossa essência!
Essa é a vida que estou a viver neste momento, em sintonia com a minha alma.
Muito melhor do que aquela que vivia em constante guerra interior.
Continuo a ter problemas e provações?
Claro que sim!
Mas sabem o que faço?
Ouço sempre a minha intuição antes de decidir seja o que for, pois foi ela que me trouxe até aqui.
Apesar de não terem sido provações fáceis, a minha intuição nunca me deixou ficar mal. As vezes que fiquei no passado foi porque decidi ignorá-la.
Quando chegam a este ponto desenvolvem uma confiança extrema no vosso sentir. Têm plena certeza de que estão a percorrer o caminho certo.
Há dias em que tenho mais paciência do que outros, mas de facto a lição da paciência é extremamente fundamental para o nosso ser.
Principalmente, porque estamos a viver numa sociedade imediatista, ou seja, queremos sempre tudo para ontem.
Porém, tudo nesta vida tem o seu tempo certo, isto é, o tempo divino.
Temos de aprender a esperar… continuar a viver enquanto se espera.
Não podem parar de viver à espera de algo ou alguém, uma vez que isso estagna toda a vossa vida.
Estão a viver enquanto esperam ou simplesmente estagnaram durante a espera?
Paciência, paciência, paciência…
por onde andaste?
Sempre aqui estive,
sem que notasses a minha presença.
Ana Oliveira
Jaime Pedro
04:50, 29 Outubro, 2021