Olá! Eu sou a Ana Oliveira!
Poderia dizer-vos quem sou como quem escreve um relatório, nome e idade, profissão e morada.
Mas que importa o nome, se sou tantas?
Que importa a idade, se sou feita de todas as minhas vidas?
Que importa a morada, se a minha alma sempre se sentiu estranha neste mundo?
Desde que me lembro de ser, lembro-me de sentir…
Sentir demasiado, sentir o que os olhos não viam, o que os ouvidos não ouviam, o que o tempo insistia em esconder sob o véu do esquecimento.
Cresci entre perguntas que ninguém sabia responder, entre visões que me diziam serem apenas imaginação.
E como qualquer criança que não encontra eco no mundo, calei-me.
Fechei a porta daquilo que era, tranquei-a com mil cadeados e continuei a andar, perdida num caminho que não reconhecia como meu.
Mas a alma é como um rio que encontra sempre o mar…
E o meu mar era a espiritualidade!
A vida, com o seu jeito brusco de mestre impaciente, tratou de me arrancar da apatia.
Veio a dor, veio a confusão, veio o despertar!
E como é duro acordar quando se viveu tanto tempo em sono profundo!
Mas despertada estava, e não havia como voltar atrás…
Reiki, Medicina Tradicional Chinesa, Tarot, Oráculos, Mesa Estelar de Lótus, nomes que são apenas formas de chamar à busca daquilo que sempre me habitou.
A vontade de compreender, de guiar, de iluminar, não porque eu tenha respostas, mas porque sei que elas existem dentro de cada um de nós.
Dizem-me, às vezes, que estou sempre bem-disposta…
Como se fosse possível estar sempre qualquer coisa num mundo onde tudo é mutável!
Porém, aprendi que tristezas não pagam dívidas, e que a vida vista de outra perspetiva encaixa como um puzzle divino.
Aprendi que o sofrimento é um professor severo, mas generoso.
Aprendi que o primeiro passo para mudar o mundo é mudar-me a mim.
“Sou muitos”, dizia Fernando Pessoa, e eu sei que sou!
Sou a menina de três anos que via o invisível.
Sou a jovem que sofreu para se encontrar.
Sou a mulher que agora escreve estas palavras, sabendo que amanhã serei outra.
Sou todas as Anas que já fui e todas as que ainda serei.
E tu, que lês isto?
Que buscas algo que talvez nem saibas nomear…
Sabes quem és?
Se não sabes, vem comigo.
A descoberta é longa, mas nunca é solitária.
Assim caminho, com todas as Anas que sou, sabendo que nunca serei só uma, que nunca serei definitiva, que nunca serei inteira...
Sou um rascunho contínuo, uma promessa de mim mesma que se refaz a cada dia, a cada queda e a cada recomeço.
Tudo o que vivi trouxe-me até aqui, mas o aqui é apenas um instante que já se desfaz no tempo.
E que importa?
O que somos nós senão fragmentos de uma história que ninguém escreveu por inteiro?
Tudo o que faço,
tudo o que sou,
tudo o que sonho ou realizo
é um passo para o desconhecido,
e vou para lá com tudo.
E assim, sigo…
não porque tenha certezas,
mas porque tenho a sede infinita
de quem sabe que a alma nunca se sacia.